Por Fernanda Glinka
A pandemia trouxe à tona grandes reflexões sobre a vida em sociedade, principalmente em relação aos hábitos de consumo.
Estando em casa por tanto tempo, a maioria das pessoas percebeu que o consumo exagerado era extremamente desnecessário, fazendo com que a compra de roupas, carros, entre outros produtos e serviços fossem revistos por muita gente. Desde então, marcas e empresas foram obrigadas a repensar os seus modelos de negócio. E a moda foi um dos setores mais atingidos.
“Há alguns anos, o mercado da moda vem passando por transformações, especialmente devido a mudança do perfil do consumidor que está mais questionador e exige cada vez mais transparência nos processos produtivos”, aponta Gustavo Loiola, coordenador de Sustentabilidade no ISAE Escola de Negócios. No ano passado, o crescimento dos brechós foi muito mais acelerado do que o comércio de roupas convencional. Pesquisas apontam que, nos próximos meses, o mercado de segunda mão ainda vai crescer 5 vezes mais.
Em 2017, o relatório lançado pela Global Fashion Agenda (GFA) já tinha colocado a moda como responsável por mais de 5% das emissões de CO2, porcentagem 21 vezes maior do que os setores de aviação e navegação juntos. Com o aumento estimado da produção para 2030, a contribuição da moda para o colapso climático deve aumentar 49% segundo estimativas da Quantis e 63% de acordo com a própria GFA. “Além das necessidades do planeta, é crescente a mudança de mindset do consumidor. A geração de millenials está aí e vai demandar cada vez mais adaptabilidade”, afirma.
“A economia circular é a bola da vez. O conceito de que lixo não existe estimula a reciclagem e a reutilização”, diz. Segundo o especialista, grandes exemplos disso são as marcas C&A e a Renner que, parceria com o brechó online Repassa, estão disponibilizando um espaço nas suas lojas para coleta de roupas usadas. “O cliente pode revender as suas peças e utilizar esse recurso para doar a uma ONG, sacar o crédito ou utilizar parte em novas compras. Esse projeto aumenta o ciclo de vida das peças de roupa e diminui drasticamente o impacto ambiental”, complementa Gustavo Loiola.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2021